Percursos Pedestres
Caminhe connosco nos trilhos da Serra da Aboboreira. Respire fundo e sinta o ar fresco da serra ou os aromas da terra escaldada pelo sol. Olhe o céu de um azul inigualável e prepare-se para descobrir as aldeias escondidas, a simpatia das suas gentes, os trilhos de água e os mosaicos agro-florestais.
Descanse na sombra de frondosos castanheiros, deixe-se embrenhar nas florestas naturais de carvalho e maravilhe-se com a diversidade de espécies que estes espaços encerram.
Espante-se com os dólmens e os batólitos graníticos que se destacam na paisagem, prove a água que corre na fresca Fonte do Mel, deixe-se cativar pelas pequenas flores campestres, pelos pequenos insetos que atravessam o seu caminho e pelas aves que rasgam o céu…
A paisagem típica que se observa neste percurso conta a história da transformação de densas florestas de carvalhos em zonas de pastagens, devido à atividade pastoril que o Homem aqui desenvolveu ao longo de milhares de anos. As gramíneas dominam estas ambientes, sendo típicas nas áreas mais planas do topo da serra. A erva-fina (Agrostis capillaris) é uma das mais apetecidas pelo gado já que as suas folhas são mais palatáveis que as do famanco (Agrostis curtisii) ou as do Pseudoarrhenatherum longifolium.
Este é o habitat preferencial do tartaranhão-caçador (Circus pygargus), uma ave de rapina de grande beleza e com um voo característico, com frequentes acrobacias, fazendo jus à designação de Circus.
Neste percurso, ao subir, vai deparar-se com dois dólmens do conjunto megalítico da Serra da Aboboreira. O primeiro, denominado Furnas 2, encontra-se numa pequena elevação, tendo-se a partir dele uma ampla visibilidade, observando-se a norte e a nordeste a Serra do Marão. Trata-se de um dólmen fechado, que integra o primeiro momento de construção deste tipo de monumentos na Serra da Aboboreira: entre finais do V e início do IV milénio A.C. O segundo, Meninas do Crasto 3, integra já um segundo momento construtivo que ocorreu nos inícios do IV milénio AC. As dimensões modestas e a laje de cobertura atribuem a este monumento uma certa graciosidade.
Locais de visita obrigatória, ao longo do percurso, são os aglomerados rurais de montanha – Aldeia Velha, Aldeia Nova, Pé Redondo – expressão singular do povoamento em altitude, de padrão concentrado que contrasta com a disseminação em pequenos lugares típica das terras baixas. Conservam uma arquitectura tradicional característica, frequentemente polarizada numa eira comum envolvida por conjuntos de espigueiros.
A Igreja Matriz de S. João de Ovil marca o início deste percurso. A título de curiosidade, poderá visualizar parte de um friso românico(Foto1) na fachada norte da igreja, testemunho de um primeiro templo aqui erigido.
Após iniciar o percurso, a paisagem que se observa nas áreas de meia encosta reflecte a natureza dinâmica da vegetação e a forma como esta evoluiu na ausência de usos e outras perturbações causadas pelo Homem.