O autarca falava na cerimónia que assinalou o arranque das obras de restauro deste monumento com 900 anos e que contou com a presença da Ministra da Cultura, Graça Fonseca.
“Este ia ser um grande momento para o nosso concelho, porque tenho a certeza de que muitas pessoas gostariam de cá estar. Infelizmente a atual situação impede-nos, mas esta obra é dedicada a todos as pessoas do nosso concelho”, disse, lembrando o carinho que os cidadãos têm para com o mosteiro que “marcou a história e as paisagens físicas e afetivas de gerações de baionenses ao longo dos vários séculos”.
A intervenção agora lançada segue um projeto de um dos mais reputados arquitetos, Álvaro Siza Vieira, e vai permitir o acesso a áreas que estavam até agora em ruína. Irá dotar o mosteiro de espaços de exposição (área permanente e área temporária) e de auditório multifunções. “As salas expositivas serão dinâmicas, com exposições que se renovam, não sendo estanques”, notou Paulo Pereira.
Mas a autarquia ambiciona ir mais longe. Quer transformar todo o complexo do Mosteiro de Santo André num espaço a descobrir e a fruir com “circuitos de visitação temáticos, nos quais será possível contemplar as salas expositivas, mas também os restantes elementos, sejam os construídos, seja o espaço circundante”, explicou Paulo Pereira.
Para tornar o mosteiro um espaço ainda mais atrativo e procurado, a Câmara Municipal de Baião vai explorar todas as oportunidades de obter financiamentos e apoios. “Estamos já preparados para, no que depender de nós, aproveitarmos todas as oportunidades em sede de reprogramação do atual Quadro Comunitário ou no próximo”, afirmou Paulo Pereira. O autarca diz que já existem projetos prontos par a requalificação da igreja, do edifício dos Celeiros e para o parque de estacionamento, entre outros.
Os projetos da Câmara Municipal visam colocar o Mosteiro de Ancede cada vez mais ao serviço do desenvolvimento do concelho. “Um equipamento cultural dinâmico torna-se um cartão de visita de uma região, atrai turistas e visitantes, que ajudam na dinamização do alojamento, da restauração, dos operadores turísticos e do comércio local em geral”, salientou Paulo Pereira.
O autarca apresentou ainda os eixos onde se estrutura o desenvolvimento turístico do concelho, que assenta na valorização ambiental, paisagística e cultural de Baião, mas também na qualidade dos seus produtos, de modo a posicionar o território como um concelho ambientalmente sustentável e com uma oferta diversificada a vários níveis.
DANIEL GUEDES CONGRATULOU-SE PELA REALIZAÇÃO DA OBRA
Também o presidente da União de Freguesias de Ancede e Ribadouro, Daniel Guedes, usou da palavra para dar as boas-vindas a todos os presentes e manifestar o seu reconhecimento pela presença da Ministra da Cultura na cerimónia, apesar do tempo excecional que atravessamos, o que é “revelador da importância da obra”.
Daniel Guedes enalteceu a relevância do mosteiro em termos culturais e patrimoniais, mas também para a história e para a formação da identidade da freguesia e do concelho.
O autarca de freguesia sublinhou o empenho político de Paulo Pereira e do seu antecessor, José Luís Carneiro para que esta obra pudesse ser uma realidade.
Daniel Guedes mostrou-se ainda convicto de que após a intervenção a freguesia e o concelho ficarão mais ricos e verão os seus nomes serem elevados, com uma obra projetada por Álvaro Siza Vieira.
A obra irá beneficiar a população que ali terá um espaço dedicado à cultura e à arte, mas também ganhará mais visitantes que desejem descobrir o novo espaço.
Marcaram presença no evento os vereadores da Câmara Municipal de Baião, o presidente da entidade de Turismo do Porto e Norte, o Diretor Regional de Cultura do Norte, autarcas de freguesia e da região, o pároco da freguesia de Ancede, representantes de entidades associativas de Ancede e Ribadouro e de entidades da região como a Rota do Românico, a Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa, a Associação de Municípios do Baixo Tâmega ou a Dolmen.
Por motivos de saúde o arquiteto Siza Vieira não pôde estar presente, fazendo-se representar por um dos seus colaboradores mais diretos, o arquiteto José Luís Carvalho Gomes.
UM ESPAÇO COM DIVERSOS USOS, MAS QUE VAI RESPEITAR A HISTÓRIA
A empreitada da terceira fase de conservação e restauro do Complexo Arquitetónico do Mosteiro de Santo André de Ancede é da responsabilidade da Câmara Municipal de Baião.
Trata-se de um investimento total de 1 milhão e 666 mil euros, sendo que os fundos comunitários suportam 988 mil euros deste valor.
A obra tem uma duração de 15 meses e vai intervir em quatro áreas: os claustros, a ala poente, a ala nascente e a ala sul. Nestas áreas irão nascer como espaços de exposição permanente e temporária, um auditório, espaços multifuncionais, espaço de receção e sanitários.
A requalificação do espaço incidirá de modo mais marcado no piso um, que verá aparecer duas salas expositivas ou um auditório multifunções. Para o piso térreo e do armazém, o programa de arquitetura prevê o conceito de “ruína consolidada”, permitindo o conhecimento e o contacto com espaços seculares.
Serão ainda feitos arranjos exteriores, prevendo-se uma ligação entre a ala sul e o muro da cerca, feita em calçada à portuguesa, que unirá uma porta no muro nascente e outra no muro da plataforma da ala poente. Esta plataforma terá pavimento em saibro, tal como o claustro e a plataforma nascente.