O Salão Nobre dos Paços do Concelho de Baião voltou a acolher uma sessão solene comemorativa da revolução do 25 de abril de 1974, que pôs fim ao Estado Novo e abriu caminho à instauração do regime democrático em Portugal.
A sessão foi aberta e moderada pelo presidente da Assembleia Municipal de Baião, José Luís Carneiro, que classificou a revolução dos cravos como a comemoração da Liberdade, da Igualdade e da Fraternidade
“Comemorar esta data é honrar a possibilidade de nos realizarmos enquanto seres humanos, é comemorarmos a possibilidade de escolhermos o nosso próprio caminho. Livres de preconceitos. Livres dos condicionamentos de origem social, cultural, económica, territorial ou política” referiu José Luís Carneiro.
Traçando as diferenças entre o Portugal da revolução de Abril, que conheceu na sua infância, e o de hoje, José Luís Carneiro assinalou grandes evoluções “no acesso aos cuidados médicos e à saúde, à educação e ao ensino superior, no acesso à habitação e na abertura e democratização da sociedade”.
O presidente da Assembleia Municipal terminou lembrando a importância da integração de Portugal na Comunidade Económica Europeia na consolidação da vida democrática em Portugal e na melhoria das condições de vida.
“Se é verdade que as alterações políticas ocorridas com a Revolução de Abril tinham em vista a democratização da vida política nacional e a criação de condições económicas e sociais com vista ao desenvolvimento, não há dúvida hoje em afirmar que a integração na então Comunidade Económica Europeia trouxe consigo um contributo inestimável para a consolidação das condições de vida democrática e para a promoção de políticas de coesão e desenvolvimento socioeconómicas nos seus Estados-membros e muito particularmente em Portugal”, salientou José Luís Carneiro.
Valores de Abril
O presidente da Câmara Municipal de Baião, Paulo Pereira, iniciou a sua intervenção dizendo que “o 25 de Abril é um dos símbolos máximos das transformações do nosso País, é um momento da nossa história (…) que deve perdurar, para sempre, na memória individual e colectiva, por aquilo que legou à posteridade”, asseverou Paulo Pereira.
O autarca no seu discurso estabeleceu uma dicotomia entre o Portugal da ditadura e o Portugal democrático dos últimos 45 anos, enaltecendo a revolução de Abril: “De um país amordaçado, sem liberdade de expressão, evoluímos para uma sociedade onde todos podem reclamar, protestar e manifestar-se”.
Na sua intervenção, o edil baionense, lembrou, no entanto, as ameaças e os perigos que a democracia corre, recordando alguns casos de politicas assentes em populismo exacerbado, como foi o caso do referendo que conduziu o Reino Unido ao BREXIT, ou às eleições do Brasil, ou dos Estados Unidos da América.
Num olhar sobre a Europa, Paulo Pereira, referiu que as comemorações da revolução surgem num momento “com redobrado significado“, dada a proximidade com as eleições para o Parlamento Europeu. “Nas eleições europeias, legislativas, autárquicas, presidenciais ou mesmo nos referendos votem, não interessa o partido (…) votem desde que seja uma decisão ponderada, em consciência, mas votem. Votar é homenagear Abril”.
Na sequência da sua intervenção o autarca demostrou a sua preocupação com o meio ambiente chamando a atenção para os danos que a sociedade está a provocar no Planeta Terra.
Nesse sentido, Paulo Pereira, revelou que “o Município de Baião está a trabalhar com uma instituição internacional, ligada aos princípios do desenvolvimento sustentável da ONU, para a certificação do Concelho, como destino ambientalmente sustentável”.
As palavras dos partidos
Coube a Ana Raquel Azevedo usar a palavra em nome da bancada parlamentar do Partido Social Democrata na Assembleia Municipal de Baião. Na sua intervenção a porta voz do PSD defendeu que numa sociedade livre, homens e mulheres devem gozar das mesmas oportunidades, direitos e obrigações.
Para a porta voz do PSD, o 25 de Abril trouxe grandes conquistas para as mulheres, mas ainda faltam alguns passos a dar no caminho para a igualdade, “as mulheres ganham menos 16,7% do que os homens”, ou seja, “é como se trabalhassem dois meses de graça” referiu, e continuou “ a taxa de desemprego jovem é maior nas mulheres, as tarefas domésticas recaem principalmente sobre estas e os crimes de violência doméstica, na sua maioria incidem sobre as mulheres”.
Segundo a Social Democrata “ainda vivemos um processo de mudança ao nível das mentalidades e na forma como a própria sociedade representa a mulher na família, na sociedade, na política ou noutro domínio qualquer”.
Também o porta voz da bancada parlamentar do Partido Socialista na Assembleia Municipal de Baião, Pedro Teixeira de Sousa, centrou o seu discurso no combate contra a violência doméstica e de género. “A luta contra a violência doméstica e de género é uma luta essencial pela liberdade e pela democracia, é uma causa do 25 de abril”, referiu.
Para o socialista esta é também uma luta concelhia “nesta cerimónia do 25 de abril, decidimos reforçar a chamada de atenção para este tema, por se tratar de uma questão essencial de segurança e de bem-estar das comunidades e dos cidadãos, que prejudica gravemente a vida em sociedade e em democracia”.
Momento musical
Foi com música, com alguns dos clássicos inerentes à Revolução do Cravos de 25 de Abril de 1974, que a artista baionense, Rita Costa, brindou todos os presentes no início da sessão solene. Temas como “Venham mais cinco” e “Grândola Vila Morena” de Zeca Afonso, foram ouvidos e cantados com grande emoção por todos os presentes.