Autarcas de Baião e Resende, Paulo Pereira e Garcez Trindade, mostraram hoje, perante uma dezena de deputados dos círculos eleitorais do Porto e de Viseu, a sua indignação e frustração pelo facto da ligação de Baião à Ponte da Ermida não ter sido incluída, para já, no Plano Nacional de Investimentos (PNI).
A reunião de trabalho aconteceu esta tarde, 21 de janeiro, nos Serviços Municipais de Santa Marinha do Zêzere e, além os autarcas e dos deputados, estiveram presentes os líderes das federações distritais do Porto e de Viseu do PS, Manuel Pizarro e António Borges.
Pese embora a antiguidade do dossiê que, se retrocedermos a 1985, já conta com 34 anos de avanços e recuos, e a inquestionável relevância da obra para a população da região, a verdade é que o PNI não a contempla, pelo menos para já, situação que os autarcas dos dois concelhos dizem ser “incompreensível”.
Este novo troço rodoviário corresponde a uma antiga e legítima expectativa das populações abrangidas e significará uma alteração de grande relevância para a coesão territorial do país e para a redução das assimetrias económicas e sociais da região. A conclusão da obra vai permitir melhorar as condições de vida da população e gerará maior atratividade económica para Baião e para os concelhos vizinhos.
Paulo Pereira vai mais longe, lembrando a importância da obra “no plano imaterial, no que representa, em termos simbólicos, culturais e sociais”.
Durante a reunião de trabalho, deputados, autarcas e líderes das distritais concordam em absoluto quanto à inegável importância e relevância da obra para a região e para as populações e prometeram tudo fazer para pressionar o Governo a inclui-la, em sede de discussão na Assembleia da República, no PNI.
Manuel Pizarro e António Borges mostraram-se solidários com a situação, lamentando-se do facto da infraestrutura rodoviária ainda não estar pronta e acentuaram a necessidade de António Costa “ouvir com atenção a reivindicação de Baião e Resende, em nome da coesão territorial”.
António Borges disse ser “impensável que um investimento como este não esteja no PNI 2030“, deixando a ideia de que será ainda possível, na Assembleia da República, alterar aquela situação.
Manuel Pizarro, do PS/Porto, considerou haver “argumentos fortíssimos” de “natureza económica e social” que justificam a obra e, por isso mesmo, não vê motivos para que a infraestrutura não avance até porque “o valor da obra é baixo e não será certamente esse, o busílis da questão”.
Os dirigentes prometeram bater-se junto do Governo para que a ligação à ponte da Ermida fique “inequivocamente consagrada no PNI 2030“.
Paulo Pereira, desencantado com a situação, lembrou os inúmeros estudos desde 1985 a justificar a relevância da obra e, apesar de todo o esforço que o executivo baionense tem empreendido nos últimos anos, o autarca admitiu que esta situação começa a melindrar a população: “quando os governantes falam em desenvolvimento do interior, não podem vir com a conversa de que as obras incluídas no PNI têm prioridade porque vão servir mais pessoas do que esta ou aquela obra. Não há cidadãos de primeira nem de segunda e esse não pode ser o critério. Quando se fala em desenvolvimento do interior e depois se faz isto, é preciso que o governo venha cá, que olhe nos olhos da população e lhes diga a verdade. Territórios como os nossos estão cansados de esperar, de serem remetidos para segundo plano”, refere. “Há tantos milhões para investir, e bem, em obras em torno dos grandes centros urbanos, nomeadamente em Lisboa, e não há 26 milhões para uma infraestrutura reclamada há décadas pela população de vários concelhos?”, deixou a pergunta.
Depois de analisar o PNI com atenção, Paulo Pereira conclui que o documento traduz um “acentuado contraste na distribuição dos investimentos por região, Norte/Sul e Interior/Litoral. Continua a verificar-se uma clara inclinação para os centros urbanos do litoral e para o Sul, o que contribuirá para acentuar as assimetrias regionais”.
O autarca lamentou também o facto de, ao longo do tempo, não ter sentido grande disponibilidade do ministro do Planeamento para debater esta questão.
Garcez Trindade corroborou a indignação do autarca baionense lembrando o facto da sua população estar a mais de uma hora de distância do Hospital de Penafiel, que serve Resende. “O socorro vindo do Hospital de Penafiel demora uma hora a chegar a Resende. Se contarmos com outra hora no caminho de volta, contabilizamos 2 horas. Se a situação for urgente isto é absolutamente surreal. Absolutamente revoltante”, deixou claro.
Os deputados presentes garantiram empenho na chegada da mensagem a António Costa, mantendo a esperança de que a situação possa ser revertida quando o PNI voltar a ser discutido na Assembleia da República, momento em que tomarão voz na defesa da obra e da região.
Renato Sampaio e Fernando Jesus intervieram para deixar claro que entendem a situação como uma “desconsideração e falta de cuidado para com o povo de Baião e Resende vinda dos sucessivos governos”, enquanto garantiram que continuarão a ser voz ativa nesta matéria. Os dois deputados sugeriram que, caso seja necessário, “o povo se junte aos autarcas na defesa desta causa e, de viva voz, reclame e exija o que é seu por direito”.
A empreitada “Ligação de Baião à Ponte da Ermida” chegou a ser lançada a concurso no dia 31 de Julho de 2009, ao fim de 27 projetos, com o valor de cerca de 26 milhões de euros e com previsão de realização em 2010/2011 e poria fim a uma espera de 25 anos. Até hoje, nunca se concretizou.