Recorde-se que o evento se realiza este fim de semana, na Feira do Tijelinho, na vila de Baião.
O desafio foi superado. A comitiva baionense fez, durante todo o dia em que decorreu a iniciativa, uma “viagem” por todo o mundo dando a provar as alheiras, os chouriços, as moiras e os salpicões feitos em Baião às centenas de turistas que, curiosos, queriam “saborear” o concelho mais verde do distrito do Porto. E as reações não podiam ser mais favoráveis: os turistas renderam-se aos aromas, sabores e cheiros de Baião.
Zoe Ying Law veio de Hong Kong e quis provar o arroz de moira malandrinho com grelos. O prato foi-lhe servido a fumegar e a jovem chinesa não se coibiu de nos pedir que lhe escrevêssemos o nome do prato num caderno “para não se esquecer de o provar de novo”.
Elysia Ong Shi Ming, de Singapura, teve reação parecida. Contou-nos que o arroz malandrinho “era diferente de tudo” o que já comeu, mas era “muito saboroso”. Terminamos a nossa conversa com a explicação sobre o processo de produção do fumeiro. Sobre a moira, em particular.
Na zona de prova de vinhos, onde era possível degustar diversas marcas de vinho verde de Baião, encontramos o francês Pierre Wilhem que nos contou que o vinho era “frutuoso, doce” e que lhe parecia “champanhe”. Rendido, chamou os amigos que, do outro lado, assistiam in loco ao grelhar da alheira ao vivo. Feita a prova, os parisienses, que estavam no Porto pela primeira vez, prometeram voltar porque precisavam “mesmo de ir conhecer Baião”.
Maria do Amparo é natural do Porto, mas conhece “muito bem Baião”. Assim que soube que a comitiva baionense se encontrava no Welcome Center veio “comprovar” se a autarquia “ainda era a melhor organizadora de eventos” que conhece. “Já fui a muitas feiras regionais e típicas deste país, mas nunca vi nenhuma feira tão bem organizada como a vossa”, contou-nos, ao mesmo tempo que se assumia fã do Cozido à Portuguesa.
Vinda da Bélgica encontramos, também, Sarah Van de Veldi muito compenetrada no setor da broa de milho. Garantiu-nos que não queria provar “mais nada” porque o sabor do que acabara de comer era “verdadeiramente especial”. Confessou-se rendida à qualidade dos produtos expostos.
Meritxell Brown, espanhola, vinda de Barcelona, mostrava um sorriso rasgado depois de degustar todos os vinhos brancos disponíveis. Contou-nos que era uma “apreciadora de vinho”, sobretudo branco, e que os vinhos de Baião têm “um aroma e sabor” que lhe lavava “a alma”. Perguntou-nos a localização do concelho e, com a amigas, aproveitando o carro alugado de que dispõem, vão querer ir à Feira do Fumeiro “no próximo domingo”.
Quem não vai de carro mas sim de comboio e, depois de entrarem no Welcome Center, atravessarem a rua e irem à Estação de S. Bento comprar bilhetes para Baião, são os brasileiros Margarete e Júlio Veríssimo. Ela, professora universitária, ele, jornalista da Folha de S. Paulo, estão no Porto a fazer o doutoramento e contaram-nos que não resistem “a um bom salpicão gordinho”. A mãe de Margarete é portuguesa, apesar da professora ter nascido no Brasil, e “essa costela lusa” leva-a sempre “para estas coisas”. Conta, enquanto suspira.
Francisco Nogueira Pinto, de 86 anos, diz que o pai era natural de Gestaçô e de Baião conhece “as bengalas e o biscoito da Teixeira”. Provou o vinho e comeu orelheira e, “só por causa disso”, já ganhou o dia. “Estes sabores inconfundíveis fazem-me recordar de muitos episódios da minha vida”, diz.
A iniciativa de promoção decorreu durante todo o dia e foram centenas os turistas que acorreram ao local para saber mais sobre o certame. Anabela Cardoso, vereadora do Turismo da Câmara Municipal de Baião, reconheceu a “importância desde género de promoções, porque, afinal, o concelho está, tão somente, a 45 min da cidade do Porto, um dos destinos que mais turistas atrai”.
Além das provas os turistas puderam ter conhecimento dos eventos agendados pelo Município para os próximos tempos, levaram flyers com imagens e descrições da região e foram convidados a visitar o concelho.
Ao longo do dia, e apesar da iniciativa ser destina apenas à promoção e provas dos produtos, muitos foram os turistas que pediram para levar para casa algum fumeiro ou vinho. Já quase ao cair da noite, depois de tudo arrumado, chega a notícia: “A dona Maria de Lurdes Caldas, que cá esteve hoje a provar os vossos produtos, ligou para o Welcome Center a pedir que se reserve 10 kilos de alheiras. Vai jantar à Feira no sábado e trá-las para casa”.